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Áudio retirado do site UOL Música
... TEXTO
Maçalê
\"És Maçalê...
com a bravura que há de ter um Maçalê...
quando firmas, no chão, mais que pés de negro.
Segues na quilha da dor,
mas não hás de fenecer...
nem um sonho a menos;
velarás por um canto que hás de ser...
Maçalê... és Maçalê...
porque fazes do olhar um olhar por merecer;
uma guerra de flor... uma flor de guerreiro...
Serás mão do teu senhor,
és teu próprio massapê...
Vês?! És Maçalê,
e não farás envelhecer, Maçalê,
o que o teu nome diz:
Ogunhê!\"
Segundo seu autor, Maçalê significa, em ioruba, você é um com seu orixá, promovendo a idéia de unidade entre o individuo e a \"entidade\" que ele traz no ori (cabeça) e garante seu eixo espiritual no dia a dia.
Um trabalho vinculado à sinceridade de quem se dedica a pesquisar música, compor, cantar, inscrito em projetos conceituais que se apresentem à Bahia e ao Brasil, como possibilidade de uma estética que traduz parte do povo baiano e, ao mesmo tempo, segue dialogando com produções musicais outras, espraiadas pelo planeta, que tocam e inspiram a criação do artista aqui em questão.
Santana nasceu em uma família negra de artistas e intelectuais, formou-se em filosofia pela Universidade Federal da Bahia, fala com fluência vários idiomas, além de se dedicar, como sacerdote visceral , ao culto do candomblé de \"nação angola\", de matriz cultural banto, exemplificando-se como um grande conhecedor desta expressão religiosa afro-brasileira, que por conta do nagocentrismo (valorização excessiva da tradição ioruba), na Bahia, é , por vezes, desvalorizada.
O lado autoral de Tiganá Santana como compositor, ratifica suas pesquisas sobre o legado cultural dos países da África Central, principalmente Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e redimensiona a marca sociolingüística deixada pelos congo-angolas na história do povo brasileiro.
Uma cria da ancestralidade afro-brasileira que faz música com integridade universal. Quebra rótulos, dificultando as facilidades que a recepção musical, neste estado e país, aprendeu a desenvolver por demandas mercadológicas. Um nome que se apronta para chegar, e que em seus ares de permanência, ilumina-se-nos no sabor que só a real criação pode oferecer.